Os pescadores artesanais da região metropolitana do Recife e em áreas rurais vizinhas enfrentam uma batalha árdua contra a poluição e a escassez de equipamentos de segurança, como evidenciado em pesquisas recentes conduzidas pelo grupo TAPIOCA, em colaboração com os pescadores de Rio Formoso e Ilha de Deus. Durante reuniões e entrevistas com pescadores e pescadoras dessas duas regiões, os riscos da profissão foram destacados. O Rio Capibaribe e o estuário de Rio Formoso, que há muito tempo são uma importante fonte de renda para esses trabalhadores, também se tornaram ambientes hostis devido à contaminação química e ao acúmulo de resíduos sólidos.
A poluição, proveniente tanto de indústrias locais quanto do descarte inadequado de lixo pela população, tem causado danos irreparáveis não apenas ao rio, mas também à saúde dos pescadores e suas famílias. Fragmentos de plástico, metal e vidro, muitas vezes misturados aos pescados, representam um perigo constante, causando ferimentos graves e até mesmo colocando em risco a vida desses trabalhadores.
Além disso, a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) agrava ainda mais a situação. A atividade pesqueira, que já é realizada de forma artesanal e arriscada, expõe os pescadores a uma série de riscos, desde cortes profundos ao contato com substâncias tóxicas presentes no ambiente. A ausência de itens básicos, como protetor solar, repelente, camisa térmica com proteção UV, chapéu e botas, torna-os vulneráveis a diversas doenças e acidentes, incluindo câncer de pele e infecções.
Além dos desafios impostos pela poluição e pela falta de equipamentos de segurança, os pescadores também enfrentam a perda de áreas de pesca devido a conflitos com empreendimentos que ocupam essas regiões estratégicas. Essa realidade obriga os pescadores a se deslocarem para áreas mais distantes, dificultando ainda mais a prática de uma atividade que já enfrenta tantas adversidades. Diante desse cenário preocupante, é urgente a implementação de medidas eficazes para combater a poluição e garantir a segurança e o bem-estar dos pescadores artesanais da região metropolitana do Recife. A preservação dos rios Capibaribe e Formoso e o apoio aos trabalhadores que dependem deles são fundamentais para garantir um futuro sustentável para todos.
Latifa Pelage, Anne Justino & Cristiano Lopes. Poluição e Falta de Equipamentos Ameaçam Pescadores Artesanais na Região Metropolitana do Recife. Portal Caranguejo Antenado, 2024. Disponível em: https://caranguejoantenado.org.br/poluicao-e-falta-de-equipamentos-ameacam-pescadores-artesanais-na-regiao-metropolitana-do-recife/