Um estudo recente lançado pelo grupo de pesquisa TAPIOCA foi citado no jornal The New York Times e conta como o plástico tem chegado em camadas muito profundas dos oceanos, encontrado em seres que vivem em zonas com mais de 1000 metros de profundidade. O grupo de pesquisa promoverá a roda de conversas “Plástico no inferno: até onde o seu lixo pode chegar? ” que acontecerá no formato online e terá transmissão ao vivo pelo Youtube.
O artigo que foi apresentado no The New York Times fala sobre a neve marinha, um fenômeno composto por detritos biológicos que surgem na superfície do oceano e se precipitam nas camadas mais profundas. Estes detritos podem ser formados por carcaças de plantas e animais, fezes, mucos, bactérias e vírus. Contudo, os cientistas têm notado que outras partículas de substâncias, como o plástico, estão presentes nestas manchas e isso tem sido motivo de alerta!
“Todos os anos, dezenas de milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos da Terra. Inicialmente, pensava-se que o material estava destinado a flutuar em manchas de lixo e giros, mas os levantamentos de superfície representavam apenas cerca de 1% do plástico estimado do oceano. “(…) os cientistas encontraram 10 mil vezes mais microplásticos no fundo do mar do que em águas de superfícies contaminadas!”, cita a publicação do The NY Times.
Esse fenômeno afeta diretamente a teia alimentar marinha e pode interferir no ciclo natural de carbono ocorrido no oceano. Uma questão levantada pelo Dr. Guilherme Ferreira (UFRPE) e pela doutoranda Anne Justino é se algumas espécies de animais estão transportando os microplásticos para cima e para baixo da superfície marinha.
Os cientistas que realizam estudos com a espécie lula-vampira-do-inferno (Vampyroteuthis infernalis) encontrada na profundeza do Atlântico e Pacífico, verificaram a existência de uma infinidade de plásticos em seus estômagos, muito maior do que espécies que vivem em camadas mais superficiais do oceano.
Pequenas partículas de plásticos estão presentes em todos os ecossistemas. E seus impactos nos ecossistemas é algo que está sendo observado pela Ciência.
O plástico é responsável por 80% do lixo encontrado nos oceanos
O plástico é responsável por 80% do lixo encontrado nos oceanos. Esse dado foi apontado pela revista científica Nature Sustainability no ano passado.
Por sua vez, o microplástico é um perigo minúsculo e potente que está presente em todos os ecossistemas. Não à toa, foram encontradas partículas a 8 mil metros de altitude no Monte Everest. E também no fundo dos oceanos!
O conhecimento existente sobre os padrões de dispersão de microplásticos nas bacias oceânicas e a sua interação com a biota marinha ainda é escasso e entendê-los é fundamental para ter a dimensão dos impactos causados pela #poluiçãoplástica nos ecossistemas marinhos.
Plástico no inferno: contaminação microplástica em cefalópodes de águas profundas é produto de um estudo realizado com diversos pesquisadores (FERREIRA, G.V.B. et al., 2022) em águas oceânicas do nordeste brasileiro. Os cientistas analisaram duas espécies de mar profundo – a Vampyroteuthis infernalis (lula-vampira-do-inferno) e a Abralia veranyi (lula de meia-água) – e encontraram micropartículas de plásticos em seus intestinos.
O contaminante pode ter relação com os hábitos alimentares das espécies – dentre outros fatores – e pode resultar na contaminação de toda uma teia trófica, incluindo humanos, por meio da ingestão de frutos do mar.
Bate-papo online e transmissão ao vivo
O encontro acontecerá no dia 6 de setembro e será transmitido pelo canal do Youtube. Para participar do encontro e receber certificado de participação, a pessoa interessada deve se inscrever pelo sympla. O encontro iniciará às 16h.
Sobre os pesquisadores citados na matéria
Dr. Guilherme V. B. Ferreira
Trabalha atualmente no Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Guilherme faz pesquisa em Ecologia Marinha e Poluição Marinha. Seu projeto atual é ‘Ingestão de microplásticos pela comunidade mesopelágica do Atlântico Sudoeste’
Me. Anne K S Justino
Bióloga, Mestre em Oceanografia (UFPE) e doutoranda em Recursos Pesqueiros pela UFRPE (Brasil), no laboratório Bioimpact, com doutorado co-tutela em Geociências Ambientais na UTLN (França), no laboratório MIO (Institut Méditerranéen de Oceanografia). Atua com os seguintes temas: Ecologia marinha e Poluição marinha.
Demais pesquisadores deste estudo: Dra. Latifa Pelage, Dr. Thierry Fredou, Dra. Flavia Lucena Frédou, Dra Véronique Lenoble e Me. Rafaela Passarone.
Sobre o grupo de Pesquisa Tapioca
TAPIOCA é um grupo de pesquisa e extensão interdisciplinar que reúne pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da França (IRD).