Projeto de extensão LMI Tapioca 2020 Rio Formoso

Com o crescimento da população e os avanços no processo de urbanização e industrialização, o meio ambiente vem sendo cada vez mais afetado pelas atividades humanas que geram consequências negativas aos ecossistemas e à própria sociedade. O uso não sustentável dos recursos naturais resulta em impactos a nível de escala global, tais como alterações climáticas, poluição, sobrepesca, degradação de habitats e a perda de biodiversidade.

Colônia pesqueira de Rio Formoso

O município de Rio formoso é conhecido como “Cidade dos manguezais”, possui sua área rodeada por mangue e uma forte tradição da pesca artesanal como modo de subsistência. A pesca artesanal é uma atividade econômica responsável por cerca de metade das capturas de pescado no mundo, mas que possui também muita importância social e cultural nas comunidades pesqueiras. É um saber ancestral, passado de geração para geração, e parte essencial na alimentação das comunidades pesqueiras. Além de ser uma atividade de subsistência familiar, também faz parte do comércio local e regional. Esse tipo de pesca emprega mais de 90% dos pescadores e constitui a principal fonte de renda e nutrição para comunidades locais.

No Brasil, existem aproximadamente 1 milhão de pescadores artesanais, com a maior parte (54,7%) advinda do Nordeste (MPA, 2013). Nessa região, cerca de 99,6% da captura total é feita pela pesca artesanal, ressaltando o importante papel dessa atividade na economia, no contexto de segurança alimentar e na diminuição da pobreza.

Por outro lado, essa modalidade de pesca está ameaçada em função da atividade humana nos ecossistemas aquáticos e da consequente redução do estoque pesqueiro. A frota pesqueira em Pernambuco é composta por pequenas embarcações, movidas à vela, remo e motor, que é também uma característica da pesca artesanal: tecnologias e embarcações mais tradicionais. Em geral, apresentam poucos instrumentos tecnológicos para navegação e localização de cardumes.

Pescadoras de Rio formoso. Foto: Moacir Correia.

A região litorânea de Pernambuco possui 187 km de extensão com cerca de 14 municípios costeiros e 33 comunidades pesqueiras. A frota pesqueira em PE é composta por pequenas embarcações, movidas à vela, remo e motor. Em geral, apresentam poucos instrumentos tecnológicos para navegação e localização de cardumes.  A costa é caracterizada pela presença de manguezais, ecossistema de grande produtividade, favorecendo a pesca estuarina (ICMBio, 2018).

O município de Rio Formoso possui uma população estimada de 22.151 habitantes distribuídos numa área de 227 km² (IBGE, 2010). Na região, a pesca artesanal estuarina constitui uma importante fonte de renda. Há uma área de 2.724 ha de manguezal provendo recursos de grande relevância para a população local, tais como peixes, moluscos e crustáceos.  Atualmente, a região está inserida em duas unidades de conservação a nível federal (APA Costa dos Corais e REBIO de Saltinho) e três unidades de conservação a nível estadual (APA estuarina de Rio Formoso, APA de Guadalupe e APA de Sirinhaém). A comunidade pesqueira de Rio Formoso também é um exemplo de fortes tradições culturais e resistência.

Para conhecer melhor a comunidade pesqueira de Rio Formoso, recomendamos o livro “História de pescadores: meio ambiente, recursos pesqueiros e tradição em Rio Formoso” (Araújo et al., 2014). O livro contém diversos relatos e fotografias que resgatam os costumes e atividades de subsistência dos pescadores locais, enfatizando sua cultura.

O que são mudanças globais?

Esses impactos também são chamados de mudanças globais, um conjunto de efeitos da atividade humana sobre os ecossistemas terrestres e marinhos. Essas alterações estão associadas à evolução da sociedade (aumento demográfico) e aos processos de urbanização e industrialização, gerando impactos socioeconômicos e ambientais como mudanças climáticas, degradação de habitats e introdução de espécies exóticas, que são os maiores fatores responsáveis pela perda acelerada de diversidade nestas últimas décadas. O problema dessas mudanças antrópicas é a velocidade com que acontecem, pois dificulta a adaptação da espécie humana e também de outras espécies.

Essas mudanças têm ameaçado também os ecossistemas costeiros, como é o caso do município de Rio Formoso. Os pescadores artesanais da região que dependem dos recursos costeiros, estão bastante vulneráveis às alterações no ambiente e sua percepção sobre essa situação é muito importante para entender os efeitos dessas mudanças no local. Assim, o projeto pretende dar visibilidade e protagonismo aos pescadores artesanais, dando espaço para que eles compartilhem suas vivências e experiências na pesca artesanal e a forma como eles têm acompanhado as mudanças, considerando os contextos socioeconômico e ambiental.

Existem pesquisas que apontam o ecossistema costeiro como um dos mais afetados, principalmente quando se considera a expansão da ocupação humana nas zonas costeiras e a exposição desses ambientes às forças naturais. As populações que dependem diretamente dos recursos costeiros, como pescadores artesanais, ficam bastante vulneráveis às alterações no ambiente por sofrerem diretamente essas mudanças na economia e no cotidiano da comunidade.

Situações como ocupação descontrolada do solo, grandes construções sem fiscalização ambiental correta e turismo de massa podem ter consequências como diminuição das áreas de manguezais costeiros, aumento do nível dos oceanos e alterações no clima, nos ciclos naturais e até mesmo na saúde humana e nas atividades econômicas e sociais.