Estudo de pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco é citado em artigo no The New York Times

“Está nevando microplástico no oceano”. Esse é o título da matéria que foi publicada no The New York Times em abril e contou com a colaboração da Me. Anne Justino e do Prof. Dr. Guilherme Ferreira da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

O artigo apresentado no NY Times fala sobre a neve marinha, um fenômeno composto por detritos biológicos que surgem na superfície do oceano e se precipitam nas camadas mais profundas. Estes detritos podem ser formados por carcaças de plantas e animais, fezes, mucos, bactérias e vírus. Contudo, os cientistas têm notado que outras partículas de substâncias, como o plástico, estão presentes nestas manchas e isso tem sido motivo de alerta!

“Todos os anos, dezenas de milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos da Terra. Inicialmente, pensava-se que o material estava destinado a flutuar em manchas de lixo e giros, mas os levantamentos de superfície representavam apenas cerca de um 1% do plástico estimado do oceano. (…) os cientistas encontraram 10 mil vezes mais microplásticos no fundo do mar do que em águas de superfícies contaminadas!”

Esse fenômeno afeta diretamente a teia alimentar marinha e pode interferir no ciclo natural de carbono ocorrido no oceano. Uma questão levantada pelo Dr. Guilherme Ferreira e pela doutoranda Anne Justino é se algumas espécies de animais estão transportando os microplásticos para cima e para baixo da superfície marinha.

Os cientistas que realizam estudos com a espécie lula-vampira-do-inferno (Vampyroteuthis infernalis) encontrada na profundeza do Atlântico e Pacífico, verificaram a existência de uma infinidade de plásticos em seus estômagos, muito maior do que espécies que vivem em camadas mais superficiais do oceano.

O plástico é responsável por 80% do lixo encontrado nos oceanos

O plástico é responsável por 80% do lixo encontrado nos oceanos. Esse dado foi apontado pela revista científica Nature Sustainability no ano passado.

Por sua vez, o microplástico é um perigo minúsculo e potente que está presente em todos os ecossistemas. Não à toa, foram encontradas partículas a 8 mil metros de altitude no Monte Everest. E também no fundo dos oceanos!

O conhecimento existente sobre os padrões de dispersão de microplásticos nas bacias oceânicas e a sua interação com a biota marinha ainda é escasso e entendê-los é fundamental para ter a dimensão dos impactos causados pela #poluiçãoplástica nos ecossistemas marinhos.

Plástico no inferno: contaminação microplástica em cefalópodes de águas profundas é produto de um estudo realizado com diversos pesquisadores (FERREIRA, G.V.B. et al., 2022) em águas oceânicas do nordeste brasileiro. Os cientistas analisaram duas espécies de mar profundo, a Vampyroteuthis infernalis (lula-vampira-do-inferno) e a Abralia veranyi (lula de meia-água), e encontraram micropartículas de plásticos em seus intestinos.

O contaminante pode ter relação com os hábitos alimentares das espécies – dentre outros fatores – e pode resultar na contaminação de toda uma teia trófica, incluindo humanos, por meio da ingestão de frutos do mar.

Confira os principais pontos deste artigo no infográfico a seguir.

Artigo #3 – Plástico no inferno de Jejel Miranda