Pescadores realizam barqueata pela criação da Reserva Extrativista no litoral de Pernambuco

Na semana de Conservação dos Manguezais, pescadoras e pescadores artesanais do litoral sul saíram em Barqueata para pressionar e conscientizar sobre a importância da criação da Reserva Extrativista de Pernambuco.

O grupo de extensão Tapioca acompanhou a barqueata realizada por pescadores artesanais do litoral sul do estado na semana passada. Além de celebrar o Dia Internacional de Conservação dos Manguezais (26/7), o encontro buscou chamar a atenção sobre a necessidade de criar uma Reserva Extrativista (Resex) numa área de 2,6 mil hectares de manguezal, situada na Área de Proteção Ambiental – APA de Guadalupe.

As Reservas Extrativistas (RESEX) são espaços territoriais protegidos cujo objetivo é a proteção dos meios de vida e a cultura de populações tradicionais, bem como assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da área. O sustento destas populações se baseia no extrativismo e, de modo complementar, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte (OECO, 2015). Trata-se de uma área de domínio do poder público, que é concedida às populações extrativistas tradicionais. As áreas particulares são desapropriadas e a visitação aos locais protegidos pela reserva devem atender aos interesses locais e ao que está disposto no plano de manejo da unidade de conservação. Fica proibida também a caça amadorística e profissional, a exploração comercial dos recursos locais é limitada à sustentabilidade das comunidades integradas à reserva. 

Vídeo sobre RESEX de Rio Formoso.

A Resex do litoral sul de Pernambuco: uma luta que completa dez anos

Há 10 anos, pescadoras e pescadores, iniciativas de pesquisa e organizações da sociedade civil lutam para criar um reserva estuarina que envolve três municípios do litoral sul pernambucano: Rio Formoso, Sirinhaém e Tamandaré. A região é banhada por três rios – Formoso, Passos e Ariquindá – e constitui-se como importante recurso para mais de 2 mil famílias de pescadores artesanais, das quais 80 famílias são quilombolas.

2022 é o Ano Internacional da Pesca e Aquicultura Artesanal, momento ideal para  tirar do papel o plano de reconhecer e demarcar a área como uma Resex. Segundo dados apresentados pelas Nações Unidas, a pesca e a aquicultura geram mais de 2,8 milhões de empregos diretos e três vezes mais empregos indiretos na América Latina e no Caribe, dos quais quase 90% estão vinculados à pesca artesanal. Além da importância econômica, o local preserva em si uma relevância ambiental, já que se constitui como berçário para muitas espécies marinhas e terrestres. 

Os manguezais são responsáveis por 95% dos alimentos que os homens capturam no mar. Eles  atuam como importantes bancos genéticos para recuperação de áreas degradadas e minimizam os impactos das intempéries nas regiões costeiras.

Vídeo sobre o Ano Internacional da Pesca e Aquicultura Internacionais